sexta-feira, 11 de julho de 2014

E AGORA, JOSÉ? A COPA ACABOU...
       
Darcilia Simoes

Desde que o Brasil foi “eleito” para a Copa, começou a minha preocupação. Embora alguns hipócritas de plantão reprovem a mistura de temas — Copa e problemas brasileiros — é urgente fazer uma reflexão em conjunto sobre eles.
A partir do Plano Real, nós brasileiros passamos a experimentar uma sensação de sossego e crescimento. Vieram novos governos, maquiagem de pagamento de dívidas e ampliação dos “auxílios assistencialistas”, e isso fez reacender a preocupação dos brasileiros que não se nutrem das notícias divulgadas por uma mídia comprada da mesma forma que não se nutrem com imagens glamorosas de ascensão social de nordestinos, descritas em filmes em padrões holiudianos custeados pela verba pública.
Escolas, hospitais, segurança, saneamento básico, estradas, transportes, são alguns dos graves problemas que continuam assolando nosso país. Estes foram usados como argumento para a vinda da Copa ao Brasil, pois se alegou que a infraestrutura criada para a Copa iria resolver os graves problemas vivenciados pelos brasileiros que trabalham e geram divisas para o erário público, com que se construíram estádios megalomaníacos que agora possivelmente se tornem elefantes brancos e 4 cidades já buscam o que fazer com estádios após Copa.
O projeto de gravar o nome na história fez com que a dinastia Lula trouxesse a Copa do Mundo para o Brasil a qualquer preço. E este foi muito caro, pois abriu mão dos impostos relativos para forçar a FIFA a trazer o Campeonato Mundial de Futebol para o nosso país. Somando-se a isso as verbas dispendidas na construção da prometida infraestrutura (que não sabemos se de fato um dia será concluída — ou destruída como o viaduto da Perimetral) e que seriam os ganhos para o povo brasileiro forma mais um escoadouro para a corrupção. Os sucessivos reajustes de projeto (o que não é novidade em termos de planejamento de obras) quando na esfera de Governo ganham um volume tão monumental que as obras públicas são verdadeiras espirais: não têm fim. Por isso, os pretensos beneficiários das obras da Copa vão ter de contar com a presença eterna de um bordão de um personagem de Zorra Total: — Espeeeeeeeeeeeeeera!
Enquanto isso, no país das maravilhas partidárias, culpa-se o Fred, o Hulk, o Lepo Lepo, a Galinha Pintadinha e que tais, promovem-se espetáculos “funfest” (cujo nome deveria ter outra sequência de fonemas, embora iniciada por /f/) para, seguindo o exemplo do Império Romano, engambelar a população — sobretudo a que não se beneficia pela escolarização —  com o velho e conhecido “pão e circo”.
Carnaval, Escola de Samba, Futebol, BBB, Espetáculos nas praias, praças e afins, levam o povo à euforia com os “ídolos de pés de barro”, construídos pela mídia, e constituem o ópio com que o povo é anestesiado e fica cego ante os desmandos governamentais, cego para perceber as verdadeiras metas de um projeto assistencialista, cego para compreender que viver de esmolas governamentais não lhe garante ascensão social etc. etc. etc.
Carnaval, Escola de Samba, Futebol, BBB, Espetáculos nas praias, praças e afins desviam a atenção do povo. Os verdadeiros problemas brasileiros são escondidos sob uma cortina de fumaça (porque a despeito da força do governo em escamoteá-los, eles pululam!), e professores e médicos, por exemplo, são tratados com descaso, com desrespeito.
Até quando o povo brasileiro (não o que tem jatinho particular, que manda os filhos estudarem no exterior ou que busca tratamento médico Hospital Sírio e Libanês) vai permanecer deitado em berço não esplêndido, emoldurado pelo esgoto a céu aberto, pelas escolas proibidas de ensinar, pelos procriadores que não assumem sua obrigação de pais e mães, pelos jovens que se vendem nas ruas trocando o corpo pela droga ou por um simples prato de comida, pelos trabalhadores de rua perseguidos por uma polícia municipal insana, pelo transporte clandestino garantido pelo tráfico e assim por diante.
Acorda Brasil e vai à luta por um país decente.
Ir à luta não significa fazer baderna, não significa incendiar ônibus ou automóveis nem quebrar estabelecimentos comerciais ou órgãos de governo. Sabe por quê? Porque, em última análise, TUDO RESULTA EM PREJUÍZO PARA O CONTRIBUINTE.
Ir à luta significa cobrar dos políticos, que são eleitos e recebem delegação de poder para nos representar e, depois da posse (com raras exceções) passam a representar suas ambições pessoais, locupletam-se com as verbas públicas, auferem salários e benesses complementares exorbitantes e pouco o nada fazem pelo bem da sociedade que os elegeu.
Ir à luta significa educar-se e educar sua prole.
Ir à luta significa controlar sua procriação na proporção de sua capacidade de garantir-lhe caso, comida, educação e saúde dignas.
Ir à luta significa ir à escola para estudar, aprender e tornar-se um cidadão consciente de suas responsabilidades e de sua capacidade de intervenção no cenário social.
Ir à luta NÃO SIGNIFICA FINGIR QUE RESPEITA MULHERES, NEGROS, ÍNDIOS E HOMOSSEXUAIS, pois um país que EFETIVAMENTE RESPEITA ESSAS CAMADAS SOCIAIS NÃO PRECISA DE BANDEIRAS DISCRIMINANTES. Esses cidadãos se integram à sociedade sem necessitar de crachá que os distinga, pois SÃO SIMPLES E IGUALMENTE CIDADÃOS.
A Copa do Mundo é um evento. O Brasil precisa ser uma NAÇÃO JUSTA E AUTÔNOMA COM CAPACIDADE DE GARANTIR AOS BRASILEIROS UMA VIDA DIGNA!
E agora, José? Entendeu o recado?