terça-feira, 12 de julho de 2011


A morte do menino Matheus Hoepers, um Curitibano de 17 anos, recém feitos

Matheus nasceu na tarde de um domingo ensolarado na década de 90. Veio ao mundo saudável e cheio de energia para viver. Já na maternidade recebeu o certificado de “Cidadão Curitibano” porque teve a sorte de nascer no ano da comemoração dos 300 anos da sua cidade. O pai escolheu o nome e a mãe feliz o amamentou e zelou pelo bem do menino, ensinou o caminho do amor e do respeito, e o pequeno cresceu encantando as pessoas ao redor. A casa era cheia de risos e afeto. Os irmãos chegaram depois e foram acolhidos com um grande sorriso pelo Matheus que agora se transformara em irmão mais velho. Brincadeiras no quintal, jogos no computador, rodízio nos canais de TV, divisão das tarefas domésticas, tudo igual, todos tinham direitos e deveres em casa.

Para os irmãos Matheus era o máximo, sabia tudo e não podia ser diferente, pois nascera primeiro e tudo aprendera na frente. Primeiro a ir para a escola, depois natação, futebol e na adolescência foi estudar música. Os irmãos menores cresciam iluminados pelos conhecimentos do menino que os ensinava sobre matemática, inglês, geografia e música. Para os pais o menino era perfeito, um exemplo para os irmãos e um orgulho para a família, ele tinha responsabilidade, sabia se relacionar com as pessoas e era muito prestativo. Todos ficavam perguntando qual a profissão que Matheus escolheria agora que estava terminando o colegial, e ele alegre falava: “quero ser músico”.

Tudo acabou em uma tarde chuvosa de uma sexta-feira qualquer do ano passado, bem na hora em que Matheus caminhava para a sua aula de música. Começou com um carro escuro que se aproximou e de dentro dele dispararam os tiros; Matheus que até então caminhava tranqüilo pela calçada agora estava imóvel estirado ao chão. Depois a notícia que chegou aos pais: “seu filho foi baleado”. No hospital os capelães vieram para consolar a mãe, mas ela estava serena e confiante de que tudo acabaria bem porque seu menino ainda estava vivo. Entregaram à mãe as roupas que o filho usava, tudo dentro de um saco preto, junto com a guitarra. As horas foram passando enquanto a cirurgia transcorria e no final da noite Matheus foi levado ao quarto onde enfim a mãe pode vê-lo. Estava vivo, mas muito ferido. Ferido pelos tiros e ferido pelas cirurgias. O filho era acariciado e beijado por sua mãe que sussurrava palavras de amor no seu ouvido: “mamãe está aqui, está tudo bem, fique tranqüilo, tudo vai dar certo”. Os médicos avisaram que o estado era grave e irreversível. Matheus estava imóvel, olhos fechados, respiração e coração movimentados por máquinas. A noite foi passando, o dia clareou, e a mãe continuava ao seu lado a falar e a acariciar. Agora o corpo do menino já não estava mais tão quente, mas o coração e o pulmão ainda trabalhavam. Nada foi em vão, porém tudo foi pouco para salvar a vida de Matheus. Os tiros foram fatais. A morte chegou. A mãe escolheu as vestes finais do filho para assim ser velado e sepultado o corpo deste menino curitibano.

Texto de autoria da mãe, 
Sra. Célia Maia.  

2 comentários:

  1. Cara Célia:
    Em todos os meus anos como policial e actualmente como Detetive Criminal, posso te afirmar que esse bárbaro, covarde e inadmissível crime contra o Matheus, não ficará sob a penumbra do esquecimento e da omissão. Com a ajuda de pessoas cidadãs e com a graça divina, se chegará a autoria e a responsabilidade desse nefando atentado e, certamente os bandidos terão o merecido castigo da Lei!
    Minha família e eu, te somos solidários nessa dor e ansiamos pelo resultado positivo das investigações.
    Não desanime nunca!
    Um abraço,
    Walmir Battu

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  2. É lamentável a violência que assola nossa sociedade, porém, ainda pior, é o descaso e o espirito de conformismo e dessensibilização que a própria sociedade mostra a respeito de casos assim.
    Onde está nosso espírito de luta e desejo de mudança? O que nos corre nas veias não é sangue quente? Ou seria só o gélido fluido da covardia e da mesquinharia?
    As mudança começam por nós mesmos! Não desanimemos jamais!
    Fraternos Abraços,
    Diego

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